O que deixamos pra trás para viver viajando

Casal Sem Casa, Curiosidades
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Nem só de coisas boas e felizes são feitos os momentos de quem toma uma decisão como a que tomamos há algum tempo.

Claro que viver esse sonho, como qualquer outro, tem seu bônus e seu ônus. E obviamente por aqui, por motivos óbvios, iremos relatar muito mais as vantagens do que as desvantagens.

Além da ansiedade, empolgação, motivação e curiosidade de saber o que nos espera mundo afora, neste exato momento, estamos sentindo também um certo medo, uma angústia e saudades antecipada da família. Com toda certeza, essa vai ser uma das coisas que mais sentiremos falta na nossa nova empreitada.

Entender que vamos deixar sobrinhos, amigos, afilhados, mães e pais “pra trás” ao embarcar nessa jornada, não está sendo nada fácil.

Cada aniversário, reunião de amigos e família, cada evento e acontecimento que não poderemos estar presentes fisicamente, nos fará muita falta. Mas, por outro lado, já assimilamos que será necessário passar por isso para vivermos nessa nova condição e estamos dispostos. Tudo em troca da experiência de vida, de viver o novo, conhecer novas coisas e pessoas, culturas, novas vidas e um mundo que poucos têm a coragem de sequer tomar conhecimento de sua existência.

Se desfazer dos bens materiais, tenho que confessar que, também não está sendo nada fácil.

Ver tudo aquilo que você suou muito para ter, trabalhou dias e noites para conquistar, saindo pela porta da sua casa, te passa um sentimento estranho, as vezes até uma sensação de dúvida do tipo: “Será que estou fazendo a coisa certa?” ou “Que tipo de loucura eu tô cometendo?”.

É um misto de querer e não querer, de estar fazendo o certo e o errado, de querer dormir e acordar como se nada disso estivesse acontecendo e se dar conta que esse seu sonho, essa sua maluquice, não passou realmente de um sonho e que você tem de levantar da cama para seguir a sua vida de forma normal.

E aí está uma das coisas que eu (Thiago), e falo por mim, nunca fui: Normal!

Ainda bem que por algum motivo o universo conspirou a meu favor colocando no meu caminho a Renata, que por um tempo achou isso a maior maluquice da face da terra mas, com o passar dos dias, abraçou a ideia e está tão disposta quanto eu a viver uma nova vida.

Com o tempo eu imagino, e acredito, que vamos aprender a lidar com todos esses sentimentos e ver que fizemos o melhor para a nós.

Deixar para trás também, a ideia de uma vida estável, com a sensação ilusória de segurança por ter um bom emprego, um bom apartamento, um carro e tudo mais que a “cartilha da vida” manda, é difícil. Ainda mais não tendo nenhuma referência de pessoas próximas, do nosso círculo, que fizeram algo desse tipo. Nesse caso, dentro do nosso ambiente social, nós seremos os “estranhos”, os que não estão seguindo “as regras da vida” e andando fora da linha do convencional.

Nós daremos a cara a tapa para descobrir qual é essa outra realidade de vida, essa outra forma de viver: “Sem estabilidade, sem segurança, sem ninguém, só eu e ela, definitivamente um casal sem nada. Um casal sem casa.

  • Debora Wood

    E se um dia vocês voltarem, tudo será estranho, uma sensação de que nada mudou, mas que vocês não fazem mais parte daquele mundo.
    O coração de vocês estarão divididos entre as pessoas que amam e cada lugar onde passaram. Aproveitem cada minuto e sejam muito felizes! :) Boa sorte!

    • http://www.camisasdaora.com/blog Thiago Viana

      Com toda certeza, Débora!
      Estando longe há pouco tempo já sentimos isso, imagina quando voltarmos, e se voltarmos.
      Imagino você então que já está fora muito tempo…

      Obrigado pelas palavras!
      Bjo

  • Mauricio

    Um dos meus maiores receios é justamente esse de deixar a família pra trás, já nem falo tanto de amigos porque não tenho mesmo, mas a família, isso me deixa muito desconfortável e talvez tenha sido por esse motivo que eu ainda não criei coragem de sair pelo mundo.

    • http://www.camisasdaora.com/blog Thiago Viana

      Fala, Mauricio, tudo bem!?
      Cara, esteja alinhado com sua família e lembre-se sempre que família é eterna, independente da situação.
      Para nós também foi bem difícil no início, mas depois que entendemos que isso seria o melhor para nós, “vender” a ideia para a família ficou mais tranquilo.
      E depois de algum tempo fora, ficou até divertido. Fazíamos chamadas de vídeo quase sempre, além do contato por telefone e mensagens todos os dias.
      Isso ajudou bastante a amenizar a saudades.
      Espero que um dia você possa viver essa experiência. Para nós foi muito enriquecedora.
      Obrigado pelo comentário.
      Abraços!